Ações do livro, leitura e esforços da sociedade civil tem sido realizadas ao longo dos anos no Brasil nos âmbitos federal, estadual e municipal, porém, o processo de formação continuada dos promotores de leitura ainda é muito carente. Isso nos faz perceber que o envolvimento do mediador da leitura com o texto escrito, ainda está aquém do necessário, do desejado. Essa carência é sem dúvida um enorme entrave para a transformação do nosso País, num país de leitores, na transformação de cidadãos em cidadãos leitores
Exemplo de política pública do livro e leitura, o Programa Nacional de Incentivo à Leitura – PROLER, foi durante muitos anos, um trabalho sólido em todo o Brasil, atingindo os lugares mais longínquos e de difícil acesso, através de seus vários comitês formados entre o poder público e a sociedade civil. As ações do PROLER envolveram vários trabalhos, projetos, programas e planos hoje existentes, tanto na esfera pública quanto na privada, com várias ações estratégicas, objetivando a formação de leitores críticos e a transformação do Brasil num país de leitores. Destacamos aqui como uma de suas principais ações, a promoção de cursos de capacitação continuada de profissionais que realizam práticas de leitura e de escrita, o que, ao longo dos anos, possibilitou a formação de mediadores em todos os estados brasileiros, através da promoção de inúmeras palestras, encontros, oficinas, dentre outros. Nos atreveríamos a dizer, que esse programa foi um dos maiores responsáveis pelos surgimentos de inúmeras bibliotecas comunitárias e mais que isso, pela criação de grandes redes de bibliotecas comunitárias e de planos de livro e leitura em todas as regiões do Brasil.
É indispensável a retomada do Proler
Por sabermos da importância do mediador no processo de formação de leitores e, procurando contribuir efetivamente para o crescimento do nível de leitura no País é que precisamos, urgentemente, que o Programa Nacional de Incentivo à Leitura seja retomado pelo Ministério da Cultura. Destacamos porém, que o formato deve passar por modificações, principalmente se levarmos em consideração que de 1992 (data de sua criação,DECRETO No 519, DE 13 DE MAIO DE 1992.) ao ano de 2024, muitas coisas mudaram, isso sem mencionar a internet, as redes sociais, os livros digitais e o afastamento das pessoas das bibliotecas.
Considerando esse retorno, é indispensável que as bibliotecas públicas e seus sistemas estaduais estejam inseridos nesse processo, com função protagonista, uma vez que elas lidam diretamente com a mediação de leitura e conhecem o segmento do livro, leitura e literatura de suas cidades. Isso é claro, em parceria com as escolas, os escritores, as universidades, professores, livreiros, bibliotecas comunitárias, academias de letras, enfim, com o segmento do livro, leitura, literatura e bibliotecas, do poder público e da sociedade civil.
Por que é urgente a volta estruturada do PROLER?
Por que precisamos de uma sociedade leitora. Não temos que inventar a roda. Nós já tínhamos um caminho de sucesso, um programa que foi uma grande política pública nacional de incentivo à leitura.
Fundamentando o que foi dito, citaremos aqui os objetivos deste Programa, na época de sua criação, em 1992:
Constituem objetivos do PROLER:
- promover o interesse nacional pelo hábito da leitura;
- estruturar uma rede de projetos capaz de consolidar, em caráter permanente, práticas leitoras;
- criar condições de acesso ao livro.
Mecanismos de desenvolvimento do PROLER:
- instalação de centros de estudos de leitura, para capacitar e formar educadores por meio de familiarização com o livro e a biblioteca;
- dinamização de salas de leitura, mediante supervisão de atividades e distribuição de materiais com sugestões de promoções;
- consolidação da liderança das bibliotecas públicas, visando à integração de ações que incentivem o gosto pela leitura;
- provisão de espaços de leitura, abertos regularmente ao público;
- promoção e divulgação de medidas incentivadoras do hábito da leitura;
- utilização dos meios de comunicação de massa, para incentivo à leitura.
Encerraremos aqui nossas palavras, com uma indicação literária:” Pensar a leitura: complexidade”, organizado por Eliana Yunes.
Eliana Yunes foi uma das principais idealizadoras deste que foi o maior Programa de Incentivo à Leitura do País, o Proler.
Aline Carvalho do Nascimento